De acordo com o processo, um indivíduo anônimo, que detém o domínio desde 2001, estaria utilizando o domínio para aproveitar-se da marca “Slipknot”, com anúncios e links patrocinados que poderiam enganar fãs fazendo-os acreditar que o site é oficial da banda. Como resultado, a banda teve de usar outro endereço ao longo dos anos, o “slipknot1.com” como seu site oficial, por não possuir a propriedade do domínio principal.
Base legal
O processo invoca o Anti‑Cybersquatting Consumer Protection Act de 1999, que protege marcas contra registro de domínios por terceiros com má-fé, com o intuito de lucrar ou tirar proveito de reputação alheia.
O advogado do Slipknot, Craig Reilly, declarou a NME: “O nome de domínio foi registrado com o objetivo de lucrar com a reputação do autor e enganar visitantes desavisados, que acreditam estar acessando um site pertencente, operado ou afiliado ao autor, levando-os a clicar em buscas na web e em outros links patrocinados.
A banda busca não só a devolução do direito sobre o domínio, mas também compensação por danos causados à marca.
“Um fã do autor ou alguém que quisesse comprar mercadorias oficiais do Slipknot certamente visitaria o site slipknot.com presumindo que ele pertencesse ao autor e, em seguida, compraria os produtos do Slipknot vinculados no site, causando prejuízos ao autor”, acrescentou Reilly.
Detalhes adicionais
O proprietário do domínio é descrito como “anônimo”, mas consta que a entidade ligada a ele estaria com endereço registrado nas Ilhas Cayman. A banda argumenta que o domínio foi usado para captar tráfego de fãs da banda, redirecionando para links não autorizados, o que dilui a marca e prejudica a reputação da banda.
Há um ponto de defesa no processo: o termo “slipknot” também designa um tipo de nó (em inglês), o que pode complicar a reivindicação de exclusividade sobre o termo para domínios.
Por que isso importa?
Para a banda, recuperar esse domínio significa reforçar sua presença digital, proteger sua marca e garantir que fãs cheguem ao site correto, sem risco de serem levados a sites de terceiros que não possuem qualquer vínculo oficial. Também é uma forma de fechar uma lacuna que existe há décadas desde que alguém registrou o domínio em 2001.
Além disso, o cenário reflete como domínios de internet se tornaram ativos estratégicos para artistas, marcas e empresas, e como disparidades de registro podem gerar disputas prolongadas.
A base legal: Anti-Cybersquatting Consumer Protection Act (ACPA)
A disputa do Slipknot se apoia na lei americana chamada Anti-Cybersquatting Consumer Protection Act (ACPA), aprovada em 1999. Essa lei foi criada justamente para lidar com casos em que alguém registra um domínio usando uma marca alheia com má-fé, ou seja, tentando lucrar indevidamente com a reputação ou confundir consumidores.
A lei protege uma marca registrada se:
- A marca for distintiva ou famosa (como “Slipknot”, registrada oficialmente pela banda).
- O domínio for idêntico ou confusamente similar à marca.
- O domínio tiver sido registrado ou usado de má-fé, com intenção de lucro, revenda ou engano.
O que o Slipknot precisa provar
Mesmo após 24 anos, o tempo não impede o processo (não há prazo de prescrição definido para ACPA).
Mas o Slipknot precisa comprovar três pontos essenciais:
- Direitos sobre a marca:
O nome “Slipknot” é marca registrada desde 1999 pela banda. ✅
Isso pesa fortemente a favor deles. - Sem direitos legítimos por parte do atual dono:
O réu (anônimo) precisa demonstrar algum uso legítimo do domínio — por exemplo, um site sobre o “slipknot” como tipo de nó (termo técnico náutico, não a banda).
Se o domínio tiver qualquer conteúdo voltado à banda ou links para produtos relacionados, isso derruba a legitimidade. - Má-fé:
Este é o ponto decisivo. A ACPA define “má-fé” quando o domínio é usado para:- Redirecionar para anúncios pagos (“pay-per-click”);
- Vender produtos falsificados;
- Criar confusão com o site oficial;
- Tentar vender o domínio à própria marca.
Se o Slipknot provar isso, o tribunal pode ordenar a transferência imediata do domínio.
Precedentes relevantes
Casos anteriores mostram que mesmo domínios antigos podem ser tomados judicialmente se houver má-fé:
- Nike v. Circle Group Internet (2005):
A Nike recuperou um domínio mesmo após 10 anos, pois o réu usava anúncios de produtos esportivos falsos. - Verizon v. Navigation Catalyst (2008):
A Verizon ganhou domínio registrado há 8 anos, pois o site exibia links relacionados à marca. - Microsoft v. Shah (2011):
A Microsoft venceu mesmo com registros antigos, porque o domínio gerava confusão com seus produtos. - Madonna.com (2000):
A cantora Madonna conseguiu recuperar o domínio que estava em uso por um fã vendendo produtos de terceiros.
Em todos esses casos, a má-fé superou o tempo decorrido.
Fatores que podem dificultar para o Slipknot
- O termo “slipknot” também é um nó marinho em inglês.
Se o réu alegar que o site era sobre esse tema (ou algo não relacionado à banda) e conseguir comprovar isso, pode enfraquecer o caso. - O domínio foi registrado em 2001, apenas dois anos após o lançamento da banda — o que o réu pode usar como argumento de que não houve intenção de se aproveitar da fama na época (dependendo de quando o site começou a lucrar com o nome).
- Se o réu provar uso contínuo e legítimo, mesmo com anúncios automáticos (via Google Ads, por exemplo), isso pode complicar a caracterização de má-fé.
Probabilidade de vitória (com base em precedentes)
- Se o site atual vende produtos falsificados ou mostra links pagos relacionados à banda, o Slipknot tem fortes chances de vencer (70–90%).
- Se o site alegar uso legítimo (como referência ao nó “slipknot”) e não fizer associação com a banda, as chances caem bastante (30–40%).
- O fato de o domínio estar registrado em nome de uma empresa nas Ilhas Cayman e ser anônimo também pesa contra o atual dono, tribunais americanos geralmente veem isso como indício de má-fé.
Conclusão
Mesmo após 24 anos, o Slipknot tem boas chances de recuperar o domínio se comprovar:
- Que o nome é uma marca registrada famosa;
- Que o domínio está sendo usado comercialmente de forma enganosa;
- Que há intenção de lucro indevido ou confusão com o público.
Se vencer, o tribunal pode ordenar a transferência imediata de slipknot.com para a banda, sem necessidade de indenizar o atual dono.